Foi em 2001, com do risco de um apagão, que o mecânico mineiro Alfredo Moser a ideia: usar garrafas pet cheias d'água para iluminar cômodos escuros durante o dia, sem usar elétrica.
Cada
garrafa é encaixada num buraco no telhado, fazendo com que os raios do
sol se refracionem e se espalhem no ambiente. O resultado é uma
iluminação equivalente a uma lâmpada com potência entre entre 40 e 60
watts.
Simples
e barata, a ideia ultrapassou os limites de Uberaba, cidade onde foi
inventada, e ganhou o mundo, chegando à África e à Ásia.
(Do dia 1º a 9/6, o G1 publica
de reportagens abordando os principais temas que serão discutidos na
Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.)
O
acesso à energia é um dos temas que serão debatidos na Rio+20. A ONU
estima que um quinto da população mundial ainda viva sem eletricidade.
Como surgiu
Em
1975, Moser trabalhava como mecânico em uma empresa de
telecomunicações em Brasília e ficou assustado com a notícia da queda de
um avião.
“A gente ficava se questionando se acontecesse com a gente, como daríamos
para o resgate. Nosso chefe, na época, disse para colocar água num
vidro e colocar na direção do sol. O calor colocaria fogo no capim,
fazendo sinal”, relembrou.Com essa
"lente improvisada" na cabeça, o mecânico teve a chance de usar a dica
na prática, mais de duas décadas depois, quando surgiu o risco de um
apagão no Brasil.
“Fiquei
apavorado com aquela notícia. Daí resolvi usar minha ideia, mas com
garrafas de plástico. Adicionei água limpa, duas tampinhas de água
sanitária, peguei um pedaço de filme de máquina fotográfica para
proteger a tampinha da garrafa do sol, coloquei no telhado, e pronto”,
disse.
Segundo
o inventor, as lâmpadas são ideais para serem usadas durante o dia nos
cômodos menos iluminados. “Em um corredor que é escuro ou um banheiro,
nem precisa acender a luz. Acende e apaga sozinha”, disse.Os
vizinhos adotaram a ideia também. Até um supermercado do bairro usa
garrafas plásticas para iluminar o ambiente. Além de ajudar o meio
ambiente, a iniciativa gera economia para o usuário.
Fronteiras
Fronteiras
A
ideia de Moser foi adotada pela MyShelter Foundation, que ainda este
ano pretende chegar à marca de 1 milhão das lâmpadas de Moser instaladas
nas Filipinas. Somente na capital daquele país, Manila, a organização
estima que haja 3 milhões de casas sem energia elétrica.
Por
depender da luz solar, o dispositivo não ilumina à noite. Mas para
famílias pobres, das quais muitas vivem em favelas em que um barraco
está grudado em outro, sem janelas, ter mais luz durante o dia já é de
grande ajuda.
Outro
lugar distante onde a invenção de Moser está servindo para iluminar
casas de famílias carentes é Nairóbi, no Quênia. Em Korogocho, uma
região de favela, uma organização está instalando as garrafas desde o
ano passado.
Foi
um morador dessa área, o jovem Matayo Korogocho, quem viu no YouTube um
vídeo que mostra a invenção do mecânico mineiro. Ele cresceu numa casa
em que não havia dinheiro sequer para comprar querosene para iluminação.Novo modelo
Apesar
de não ter o apoio que queria – Alfredo Moser disse que já procurou
órgãos públicos e privados para investir na ideia das garrafas pet – o
mecânico afirmou que está aperfeiçoando o projeto. "Vou melhorar a
lâmpada para clarear ainda mais e para ter condições de colocar na laje,
no forro”, explica.
O
objetivo de Alfredo é ajudar principalmente as pessoas que não têm
condições de pagar pela energia. “O pessoal está precisando de luz. Meu
ganho é pouco, não posso cobrar muito porque é gente carente e faço um
preço bom também para ajudar. Mas a manutenção é barata, não gasta fio
de luz e você vai tê-la para o resto da vida. No meu galpão, as lâmpadas
estão há mais de 10 anos e nunca troquei água de nenhuma”, conta.
Fonte:G1/PortalParnaiba
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