A ala do PSB contrária à aliança com o
governador Geraldo Alckmin (PSDB) deu início a ofensiva para viabilizar a
filiação e candidatura do ex-ministro Joaquim Barbosa pelo partido nas eleições
presidenciais deste ano. Capitaneado pelo líder da legenda na Câmara, deputado
Júlio Delgado (MG), o grupo prepara uma série de manifestos e notas de
diretórios estaduais e da bancada no Congresso Nacional em apoio à candidatura
do ex-ministro.
O movimento da
ala pró-Barbosa busca se contrapor à articulação liderada pelo vice-governador
paulista Márcio França. De olho no apoio dos tucanos a sua candidatura ao
governo de São Paulo neste ano, França articula aliança do PSB com Alckmin na
eleição presidencial. A movimentação do vice-governador tem incomodado Barbosa,
que disse a integrantes da cúpula do PSB que só aceita ser candidato a
presidente se tiver amplo apoio na legenda.
O primeiro manifesto em apoio ao ex-ministro
foi lançado na semana passada pelo diretório do PSB mineiro. “A Executiva
Estadual do PSB de Minas Gerais reconhece que a filiação de Joaquim Barbosa
reforça os quadros do campo progressista. É homem público, capacitado,
competente e dará grandes contribuições para as discussões temáticas
nacionais”, diz a nota, aprovada na última terça-feira (23).
“Como esta, teremos manifestos de outros Estados e, na volta do recesso,
faremos um manifesto de deputados e senadores em apoio à candidatura dele
(Barbosa)”, disse Delgado ao Broadcast Político. Ele disse que tem ligado e se
reunido com pessebistas de outros Estados para articular as novas notas. A
expectativa é de que os diretórios estaduais do Rio Grande do Norte, Acre e
Piauí divulguem manifestos nessa linha nas próximas semanas.
Delgado e outros
deputados do PSB se reuniram com Barbosa na última quinta-feira, 25, um dia
após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser condenado pela 8ª Turma
do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). O encontro aconteceu em
Brasília e contou com presença também do marqueteiro argentino Diego Brady, que
trabalhou na campanha presidencial do ex-governador de Pernambuco Eduardo
Campos (PSB) em 2014.
Na reunião,
Barbosa, que deixou o Supremo Tribunal Federal (STF) em 2014, relatou incomodo
com movimentos de alas do PSB contra sua candidatura. “Dissemos a ele que nem o
Eduardo, que era governador de Pernambuco, presidente do partido e que teve
toda uma história no partido, conseguiu unanimidade em 2014. É um trabalho de
construção de candidatura e que vamos continuar fazendo”, declarou o líder do
PSB na Câmara.
Na reunião, o marqueteiro argentino sugeriu que Barbosa publicasse uma nota
comentando o resultado do julgamento do TRF-4, que, por unanimidade, não só
confirmou a condenação de Lula no processo do triplex do Guarujá (SP), já
decidida pelo juiz Sérgio Moro, como aumentou a pena dele de 9 anos e seis
meses para 12 anos e um mês. O ex-ministro, que presidiu o STF no julgamento do
mensalão, no entanto, disse que não iria se manifestar publicamente para não
ser “taxado de oportunista”.
O encontro da
semana passada foi o segundo de Barbosa com integrantes do PSB em menos de dois
meses. Em 11 de dezembro, o ex-ministro se reuniu com deputados federais do
partido em seu escritório em São Paulo. Nas duas conversas, admitiu interesse
em disputar as eleições presidenciais deste ano, mas disse que só anunciará sua
decisão oficial em março – o prazo para políticos que forem participar das
eleições se filiarem a algum partido acaba em 7 de abril.
A reportagem não
conseguiu contato com o ex-ministro. O presidente nacional do PSB, Carlos
Siqueira, informou que o partido ainda não tomou nenhuma decisão sobre como se
posicionará na disputa presidencial. Segundo ele, a legenda está focada agora
na construção de candidaturas a governador em nove Estados. São eles: São
Paulo, Minas, Distrito Federal, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Amazonas,
Tocantins e Espírito Santo.
/Fonte: Istoe.com.br
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