O Governo do Estado e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)
assinaram ontem o termo de cooperação para execução do Plano Safra
2012/2013, que vai beneficiar mais de 52 mil famílias no Rio Grande do
Norte. De acordo com o MDA, serão destinados R$ 286,9 milhões ao estado,
sendo a maior parte - R$ 240 milhões - destinada ao Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
As
medidas do Plano foram anunciadas pelo secretário de Reordenamento
Agrário (SRA/MDA), Adhemar Almeida. Do total de recursos destinados ao
Pronaf no Rio Grande do Norte, cerca de R$ 170 milhões serão utilizados
pelos produtores para a aquisição de máquinas, equipamentos e
estruturação da produção. Para o custeio das propriedades, serão
investidos R$ 70 milhões. Outros R$ 7,4 milhões serão aplicados para
promover os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para
os agricultores rurais potiguares, o que reforçará a estruturação das
atividades, maior produtividade e aumento da renda das famílias no
campo, de acordo com o Ministério.
"Nós conseguimos mais de 10%
do que será distribuído entre os estados e precisamos fazer esse recurso
chegar ao pequeno agricultor", disse a governadora Rosalba Ciarlini.
Para o secretário de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca
(Sape), Betinho Rosado, a solenidade marca um momento importante para o
estado, já que boa parte dos agricultores familiares enfrenta problemas
por causa da estiagem.
Lançado nacionalmente no mês de julho, o
Plano Safra 2012/2013 aumenta a capacidade de investimento dos
agricultores. O limite de renda bruta anual do agricultor familiar para
acessar as linhas de crédito do Pronaf passa de R$ 110 mil para R$ 160
mil. Já o limite de financiamento de custeio, que era de R$ 50 mil,
agora é de R$ 80 mil. A expansão dos limites também beneficia as
cooperativas e agroindústrias, com limites maiores para o investimento.
Com isso, o valor de R$ 10 milhões subiu para R$ 30 milhões.
Pela
lei brasileira (11.326/2006) que trata da agricultura familiar, o
agricultor familiar está definido como aquele que pratica atividades ou
empreendimentos no meio rural, em área até quatro módulos fiscais,
utilizando predominantemente mão de obra da própria família em suas
atividades econômicas. A lei abrange, também, silvicultores,
agricultores, quilombolas, extrativistas e pescadores.
Pecuaristas fazem fila por milho
Andrielle Mendes - Repórter
Produtores
fazem fila à espera de milho nas Unidades Armazenadoras da Companhia
Nacional de Abastecimento no Rio Grande do Norte (Conab). Na unidade de
Assú, que atende 20 municípios, o estoque acabou e só deverá ser
normalizado em sete dias. O embarque, a partir de Mato Grosso, Sul do
país, foi autorizado esta semana. Para receber o milho, produtores
chegam a dormir na porta da unidade e recebem fichas. O produto é usado
para alimentação animal e é vendido a preço subsidiado pela Conab.
Em
outros armazéns da Companhia, o volume disponível caiu e há demora na
reposição do estoque, por causa de problemas logísticos. As operações de
transporte de outros estados para o RN estão mais lentas em razão da
dificuldade enfrentada pelas transportadoras contratadas para fazer o
serviço. Segundo José Onildo, gerente da unidade de Assú, além dos 1.260
produtores que compram milho a preço subsidiado no município, há outros
850 produtores que se cadastraram e ainda não foram 'contemplados'. A
situação poderia ser ainda pior. A unidade foi desmembrada há poucos
meses. Antes, atendia quase 30 municípios.
O problema de
desabastecimento, afirma a Federação da Agropecuária do Rio Grande do
Norte, é generalizado. "Os depósitos estão zerados", afirma José Vieira,
presidente da Federação.
Na unidade de Caicó, que atende outros
24 municípios, também não há milho. As 102,3 toneladas enviadas esta
semana para a central (e que ainda não chegaram) não são suficientes
para atender nem 8% dos produtores cadastrados, afirma João dos Santos,
gerente da unidade.
A situação é semelhante à enfrentada em
Assú. Dois mil produtores conseguem comprar milho a preço subsidiado.
Outros 800 não conseguem porque não há o suficiente. "Acredito que o
número seja ainda maior. Muitos não estão sendo atendidos. Só Deus e eu
sabemos o que estamos passando", afirma João. O gerente já decidiu como
dividirá as 102,3 toneladas que chegarão na próxima semana. "Vou
estabelecer uma cota única. Quem deveria receber 80 sacas, vai levar só
10. Assim dá para atender mais produtores". Apesar da estratégia, só 170
serão atendidos. "Entrego à Deus. Na hora, Ele vai me guiar e eu vou
saber dividir o milho".
O problema não se resume ao interior do
estado. Na unidade Caiapós, em Natal, que atende mais de 30 municípios, a
venda de milho foi suspensa na última terça-feira, informou Zozimara
Silva Santos, gerente. Só quem pagou com antecedência pode retirar o
milho que ainda resta. As vendas só serão retomadas quando o estoque for
resposto, afirma Zozimara. O que só deve ocorrer na primeira quinzena
de setembro. "Vamos esperar a carreta". Mais de 1,5 mil produtores estão
cadastrados na unidade. A fila de espera é, no entanto, menor que a das
outras unidades. "Acredito que o número de produtores que não foram
contemplados não chegue a 500", estima a gerente.
O
superintendente da Conab/RN, João Lúcio, não confirma a existência de
filas de espera, mas admite que "a demanda supera em 100% a oferta". Ele
confirma o embarque de milho para o RN esta semana, mas diz não saber
quando a situação se normalizará. A greve dos caminhoneiros, uma das
causas apontadas, acabou e o problema não foi solucionado. Os estoques
no estado estão baixos, segundo João Lúcio, porque o abastecimento ainda
está irregular. A Conab anunciou ontem novos embarques para o estado.
Novas remessas são esperadas no RN
O
governo federal vai autorizar na próxima sexta-feira (24) o embarque de
mais 30 mil toneladas de milho para o Rio Grande do Norte. O volume não
considera o milho já autorizado e que começou a ser embarcado esta
semana. A informação é da Federação da Agropecuária do RN (Faern). A
Companhia Nacional de Abastecimento embarcou ontem (22) 287 toneladas de
milho para João Câmara, Umarizal, Natal, Currais Novos e Caicó.
A
companhia já havia embarcado 168 toneladas para Umarizal e Natal na
última terça-feira e 412 toneladas para João Câmara, Natal, Caicó e
Mossoró na última segunda. "O problema é que os caminhoneiros esperam
atingir a capacidade máxima para conseguir preços de frete mais
atrativos", afirma o superintendente da companhia no estado, João Lúcio.
"Transportar milho para o RN não seria vantajoso. Foi o que os
caminhoneiros disseram aos produtores", completa José Vieira, presidente
da Faern.
O desembarque no RN ainda é feito de forma manual no
estado, o que aumenta o tempo de permanência dos caminhoneiros no RN e
reduz o seu lucro. "E para eles, tempo é dinheiro", ressalta Júnior
Teixeira, presidente da Associação Norte-Rio-Grandense de Criadores
(Anorc). A associação, segundo ele, vai procurar uma alternativa junto à
Conab para agilizar o desembarque e regularizar o abastecimento.
A
procura por milho para alimentação animal aumentou depois que o governo
federal baixou portaria reduzindo o preço das sacas do produto. O
número de produtores cadastrados subiu 260% de maio para cá. Na Conab, o
produtor paga entre R$ 18,20 e R$ 24,60 por uma saca com 60 quilos. No
mercado paralelo, paga R$ 50.
fonte: TN
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Blog Portal Uzl Não Se Responsabiliza Pelos Comentarios Do Leitores.